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quarta-feira, 24 de junho de 2020

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Stress na quarentena pode causar danos sérios à “geração de mendigos emocionais”, diz Augusto Cury


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O psiquiatra e escritor Augusto Cury falou sobre consequências do isolamento social durante a pandemia de Covid-19 para a saúde mental numa entrevista, e alertou sobre o risco de agravamento de transtornos causados pelo stress.
Um dos livros do médico, Ansiedade – Como enfrentar o mal do século, voltou a ocupar a lista dos mais vendidos desde o confinamento adotado como forma de combate ao novo coronavírus. Augusto Cury tem ao todo 55 títulos publicados em 70 países, e sua agenda de palestras é tão concorrida que não há datas disponíveis pelos próximos anos.
Na entrevista concedida ao jornal O Globo, Cury aborda questões como o tédio – uma queixa recorrente por parte de quem se confinou desde que grande parte das atividades econômicas foram suspensas – e a ansiedade.
“Estamos na era dos mendigos emocionais, com crianças e adultos que precisam de muitos estímulos para sentir migalhas de prazer. E isso se exacerbou na quarentena. As pessoas não estão preparadas para lidar com o ensimesmamento. O que ocorre não é apenas a mudança de um estilo de vida. A síndrome de intoxicação digital faz com que as pessoas sintam um vazio existencial se não estiverem conectadas. É uma atitude autodestrutiva, pois o mundo real pulsa fora dos aparelhos digitais”, contextualizou.
Confira a seguir a íntegra da entrevista:
Qual a primeira constatação que você faz deste momento atual?
Toda vez que se comprime um ser humano, aumenta-se o nível de estresse cerebral. Por isso, neste momento, as pessoas acabam entrando em contato com janelas traumáticas que financiam autocobrança, autopunição e necessidade neurótica de apontar falhas nos outros, além de intolerância a contrariedade e asco ao tédio.
Tédio tem sido motivo de muita reclamação por quem está em isolamento social.
Sim, mas o tédio é um fator importantíssimo para as pessoas se reinventarem. É uma experiência emocional que pode gerar angústia e ansiedade, com nó na garganta, dor de cabeça e aperto no peito. Mas também pode motivar um impulsionamento da criatividade, com produção de ideias e vontade de planejar o futuro. Infelizmente, porém, o ser humano não sabe mais lidar com o tédio e a solidão, porque está intoxicado digitalmente. Gasta-se tanto tempo com as mídias sociais desde que Steve Jobs lançou o primeiro smartphone, em 2007, que as pessoas não conseguem mais se interiorizar.
Esse comportamento está mais claro agora?
Estamos na era dos mendigos emocionais, com crianças e adultos que precisam de muitos estímulos para sentir migalhas de prazer. E isso se exacerbou na quarentena. As pessoas não estão preparadas para lidar com o ensimesmamento. O que ocorre não é apenas a mudança de um estilo de vida. A síndrome de intoxicação digital faz com que as pessoas sintam um vazio existencial se não estiverem conectadas. É uma atitude autodestrutiva, pois o mundo real pulsa fora dos aparelhos digitais.
Esse problema traz à tona uma questão citada em seus livros, sobre o valor do tempo presente. Mas o confinamento inevitavelmente nos leva a pensar sobre o passado ou o futuro.
Sim, você tem toda a razão. A mente humana tem essa tendência de ruminar perdas, mágoas e frustrações do passado e antecipar sofrimentos, asfixiando-se pelo futuro. Todos nós infectamos o presente, único momento em que é possível ser relaxado, realizado e totalmente feliz. É por isso que estamos na era da ansiedade. As pessoas desaprenderam a viver. Não sabemos ter um caso de amor com a nossa saúde mental. Mas vivemos agora uma grande oportunidade para pensarmos em como nos reinventar.
As pessoas estão preparadas para essa reinvenção?
Infelizmente não, porque a educação mundial está doente, formando pessoas doentes para uma sociedade doente. Do ensino fundamental às universidades, a educação cartesiana é excessivamente exteriorizante. Ela ejeta as pessoas para fora, mas não as ensina a gerir suas emoções.
A educação está mais preocupada em formar consumidores?
Exatamente, a educação cartesiana nos tornou um número de identidade, de passaporte e de cartão de crédito e um consumidor em potencial. E é por isso que os índices de suicídio estão aumentando… Quanto pior a qualidade da educação, mais importante é o papel da psicologia e da psiquiatria, e elas nunca foram tão importantes quanto hoje. Na China e em outras nações orientais, os pais já percebem que os filhos também precisam de educação socioemocional. A educação racionalista é um risco para a saúde mental.
Mas como mudar essa realidade?
A educação precisa sair da “era da informação” e ir para a “era do ‘eu’ como gestor da mente humana”. Deixaremos assim a “era do apontamento de falhas” para entrar na “era da celebração dos acertos”. Alguns comportamentos deveriam ocorrer sistematicamente nesta quarentena: pais deveriam celebrar os acertos dos filhos; casais deveriam elogiar comportamentos um do outro, como atitudes afetivas, silenciosas e emotivas. Se nós não aprendermos a aplaudir uns aos outros, nosso córtex cerebral não abrirá janelas saudáveis para neutralizar traumas.
Essa é a sua maior recomendação para quem está em confinamento social?
O ser humano tem uma tendência atroz de ser o seu pior inimigo. Ele desenha os seus cascos mentais e se aprisiona dentro deles. Por isso, é fundamental gerir a emoção nestes tempos atuais. Infelizmente, durante a quarentena, as pessoas fazem a higiene física mas esquecem a higiene mental. Não podemos ser escravos das nossas mazelas. Até o último suspiro existencial, todo mundo deveria fazer diariamente a técnica do DCD (duvidar, criticar, determinar).
Como funciona essa prática que você propõe em seus cursos?
Há algumas técnicas: 1) não ser apontador de falhas, pois quem faz isso está apto a consertar máquinas, mas não a construir belas histórias de amor; 2) aprender a aplaudir os acertos, todos os dias, de quem amamos; 3) quando for falar de um erro ou falha alheia, exaltar, antes, um acerto dessa pessoa; 4) baixar o tom de voz quando alguém elevá-la, tendo em meta conquistar o coração e não a necessidade neurótica de ganhar a discussão; 5) aprender a se colocar no lugar dos outros para enxergar o que as palavras não disseram, pois por trás de uma pessoa que erra ou fere há uma pessoa ferida; 6) não se tornar uma pessoa repetitiva, para não virar alguém insuportável; 7) não sofrer por antecipação, para não realizar velórios antes do tempo.
E agora? As perspectivas para o futuro podem ser piores?
Quando escrevi ‘Holocausto nunca mais’, fui às lágrimas. Ali, falo das técnicas que os nazistas usaram e das realidades dramáticas dos campos de concentração, e também por que outros Hitlers podem aparecer por aí caso não aprendamos a ter um caso de amor com a espécie humana. Se a Alemanha de Kant, Hegel e Schopenhauer produziu um homem tão radical e violento, no futuro, talvez nas próximas décadas, se houver um estresse derivado de escassez e insegurança alimentar, além de outros fatores sociais, podemos ver uma radicalização excessiva da sociedade. Mas não estou falando que isso acontecerá agora. Só acho que, nas próximas décadas, teremos que tomar muito cuidado.
Alexandrepfilho Via Notícias Gospel  







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Luta por justiça social virou ‘religião’ que promete salvação sem Deus, alerta pastor


A busca pela justiça social pode facilmente afastar um cristão dos ensinamentos bíblicos, pois a ideia de entronizar valores filosóficos e/ou ideológicos na rotina da Igreja transmite a mensagem de que a mensagem do Evangelho é incompleta. Esse raciocínio foi desenvolvido pelo teólogo e pastor Voddie Baucham Jr numa entrevista recente.
Voddie é pastor na Grace Family Baptist Church, em Spring, Texas (EUA) e também atua como professor de teologia na Universidade Cristã Africana em Lusaka, Zâmbia.
Em entrevista a um programa de rádio apresentado por Glenn Beck, falou sobre o assassinato de George Floyd e as ações do movimento Black Lives Matter, que para ele age de maneira anticristã sob a bandeira do “combate ao racismo”.
Para o teólogo, parte dos cristãos tendem a achar que a Igreja deve abraçar essas pautas, em busca da chamada justiça social, e se terminarem se distanciando do que a Bíblia ensina e prega.
Para conceituar seu argumento, citou o termo grego “gnose”, que pode ser traduzido como “possuir conhecimento secreto”. Dentro desse contexto, Voddie Baucham se aprofundou sobre o que chamou de “gnosticismo étnico” que é “a ideia de que os negros (e outras etnias, incluindo também os brancos) têm a capacidade de possuir um conhecimento secreto de motivos, intenções e objetivos em situações específicas, como os casos recentes envolvendo policiais e homens negros”.
Para ele, trata-se de algo que, por estar presente no movimento, torna-se crítico no que se refere ao distanciamento da Palavra de Deus: “Temos que entender que nosso conhecimento vem de Deus, que Deus é a fonte de todo conhecimento. […] Entendemos que as Escrituras são suficientes. E nós vamos à Bíblia, para entender a verdade. E olhamos para o mundo do jeito que ele é… Então, como cristãos, esses são os caminhos que buscamos pela verdade. Não através de indivíduos especiais, que têm conhecimentos especiais”.
Voddie frisou que os líderes dos movimentos que, supostamente, pregam a justiça social, agem como se estivessem à frente de “uma religião”: “Jim Wallis escreveu um livro, e o título de seu livro era Pecado Original da América [Racismo, Privilégio Branco e a Ponte para uma Nova América]. Então, novamente, há conotações religiosas por lá”, exemplificou, referindo-se ao escritor, teólogo e ativista político de esquerda.
“O que me preocupa é que existem problemas reais. O racismo é real. Existe um verdadeiro mal. Existe um verdadeiro ódio. Existe uma verdadeira injustiça. E a resposta para essas coisas é um Deus que salva, através de Jesus Cristo. Essa é a nossa mensagem como cristãos, certo? Ou pelo menos deveria ser”, disse.
O teólogo continuou seu raciocínio apontando que muitos cristãos têm se perdido na procura por respostas fora da Bíblia: “A resposta não é outra senão o perdão que encontramos, através de Deus, em Cristo. Agora a resposta é: de alguma forma, você precisa fazer ‘penitências suficientes’. E tem sido interessante assistir cenas de pessoas brancas, literalmente ajoelhadas, curvadas em arrependimento, você sabe, pelo pecado deles, por terem o ‘privilégio branco’. Ou, você sabe, preconceito. Ou viés consciente. Ou preconceito inconsciente. Ou qualquer outra coisa”, ironizou.
Em sua argumentação, o teólogo insistiu que, exatamente por esses motivos, o movimento que alegadamente luta por justiça social se comprova problemático, mesmo que aparentemente, bem-intencionado: “Essa ‘religião’ está prometendo salvação em algum lugar que não é em Deus. E, infelizmente, há muitos cristãos que parecem satisfeitos com isso”.
Muitos fatores que são elementos definidores desse movimento político terminam por serem ignorados pelos cristãos que embarcam em suas aventuras: “A justiça social busca a redistribuição de recursos e oportunidades. Justiça social não é o mesmo que a ideia bíblica e o conceito bíblico de justiça. Você também precisa entender que a justiça social é construída com base na teoria crítica. Ela se baseia na ideia de hegemonia e estruturas de poder”.
A essa altura, o apresentador Glenn Beck fez uma intervenção, descrevendo esse aspecto como “um mundo invertido, contrário ao que Deus quer”, e destacou que as pessoas parecem “querer se dar bem” no âmbito pessoal como consequência de ajudar a situação, quando apesar de toda solidariedade, também estão sendo acusadas de serem causadoras do sofrimento que combatem. “Isso não faz sentido para mim”, resumiu ele.
Em resposta, Voddie Baucham agradeceu o adendo: “Acho que você encontrou algo muito importante quando diz que não faz sentido para você. O que está acontecendo é que as pessoas estão tendo duas discussões diferentes. E elas não percebem isto”.
“As pessoas olham para casos, por exemplo, como a morte de George Floyd e veem essa situação trágica. E por um lado, há essa compensação universal sobre o que aconteceu. Mas então o que acontece? As pessoas estão explicando isso, de duas maneiras diferentes. Algumas pessoas dizem: ‘veja, existe o racismo’. E há outras pessoas que estão dizendo: ‘espere, você sabe, havia quatro oficiais. Dois negros, um asiático e o oficial branco que fez isso, como declaramos que isso é racismo?’”, explicou.
”O que é um exemplo disso são essas duas visões de mundo concorrentes. Uma visão de mundo, que diz ‘o racismo é individual; é uma questão individual do coração’. E é nesse mundo que lidamos com a questão do coração individual, com a mensagem do Evangelho. Mas há outra visão de mundo que diz: ‘não, não, não, não, independentemente da questão individual do coração, esta é uma questão estrutural e institucional’. Portanto, é isso que confunde as mentes das pessoas. Às vezes, eles dizem que não importa quais são os fatos do caso. Isso é evidência de racismo estrutural e institucional. E o que isso está fazendo é separar as pessoas. Como estamos tendo duas conversas diferentes, isso não faz sentido um para o outro”, avaliou.
Por fim, o teólogo – que é negro – relatou ter sido atacado por se posicionar de maneira crítica a respeito desses movimentos: “Quando você fala sobre isso de uma maneira geral, as pessoas tendem a pensar ‘oh, você simplesmente não tem empatia; você simplesmente não tem compaixão; você simplesmente não entende o quão ruim isso é’. Eu, que cresci em um ambiente infestado de drogas, de gangues em Los Angeles, nascido em 1969. Cresci durante a era do crack, durante a guerra às drogas, filho de uma mãe budista. Eu não fui criado no cristianismo. Nunca ouvi o Evangelho na minha infância e adolescência, até que cheguei à universidade”, contestou.
“Por isso não entendo quando as pessoas tentam me excluir desse debate. Eu já fui abordado de forma truculenta pela polícia, porque simplesmente estava sentando na calçada, no lugar errado na hora errada. Eu sei que esse tipo de coisa acontece. E, no entanto, ainda digo, que essas ideologias são venenosas”, enfatizou Voddie.
Ele acredita que os cristãos devem abrir mão de mensagens que apontam para uma salvação que não seja o Evangelho de Jesus, e que estas bandeiras “precisam ser confrontadas” porque “essas ideologias realmente comprometem nossa mensagem, como cristãos”.
“Estou preocupado com as pessoas. Estou preocupado com a justiça. Estou preocupado com almas. E eu sei de onde essas coisas vêm. Eu entendo de onde elas vêm. E não estou disposto a escrever a minha própria Bíblia. Mas não aceito o fato de alguém me forçar a concordar com certas coisas, simplesmente porque, se eu não o fizer, irão me rotular. Eu não poderia me importar menos com as pessoas me rotulando e me chamando de nomes. Eu sei quem eu sou diante de Deus. Minha consciência está limpa”, encerrou, conforme informações do portal FaithWire.
Alexandrepfilho  Via  Notícias Gospel   

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