noticias.gospelmais.com.br
Stress na quarentena pode causar danos sérios à “geração de mendigos emocionais”, diz Augusto Cury
O
psiquiatra e escritor Augusto Cury falou sobre consequências do
isolamento social durante a pandemia de Covid-19 para a saúde mental
numa entrevista, e alertou sobre o risco de agravamento de transtornos
causados pelo stress.
Um dos livros do médico, Ansiedade – Como enfrentar o mal do século,
voltou a ocupar a lista dos mais vendidos desde o confinamento adotado
como forma de combate ao novo coronavírus. Augusto Cury tem ao todo 55
títulos publicados em 70 países, e sua agenda de palestras é tão
concorrida que não há datas disponíveis pelos próximos anos.
Na entrevista concedida ao jornal O Globo,
Cury aborda questões como o tédio – uma queixa recorrente por parte de
quem se confinou desde que grande parte das atividades econômicas foram
suspensas – e a ansiedade.
“Estamos na era dos mendigos
emocionais, com crianças e adultos que precisam de muitos estímulos para
sentir migalhas de prazer. E isso se exacerbou na quarentena. As
pessoas não estão preparadas para lidar com o ensimesmamento. O que
ocorre não é apenas a mudança de um estilo de vida. A síndrome de
intoxicação digital faz com que as pessoas sintam um vazio existencial
se não estiverem conectadas. É uma atitude autodestrutiva, pois o mundo
real pulsa fora dos aparelhos digitais”, contextualizou.
Confira a seguir a íntegra da entrevista:Qual a primeira constatação que você faz deste momento atual?
Toda
vez que se comprime um ser humano, aumenta-se o nível de estresse
cerebral. Por isso, neste momento, as pessoas acabam entrando em contato
com janelas traumáticas que financiam autocobrança, autopunição e
necessidade neurótica de apontar falhas nos outros, além de intolerância
a contrariedade e asco ao tédio.
Tédio tem sido motivo de muita reclamação por quem está em isolamento social.
Sim,
mas o tédio é um fator importantíssimo para as pessoas se reinventarem.
É uma experiência emocional que pode gerar angústia e ansiedade, com nó
na garganta, dor de cabeça e aperto no peito. Mas também pode motivar
um impulsionamento da criatividade, com produção de ideias e vontade de
planejar o futuro. Infelizmente, porém, o ser humano não sabe mais lidar
com o tédio e a solidão, porque está intoxicado digitalmente. Gasta-se
tanto tempo com as mídias sociais desde que Steve Jobs lançou o primeiro
smartphone, em 2007, que as pessoas não conseguem mais se interiorizar.
Esse comportamento está mais claro agora?
Estamos
na era dos mendigos emocionais, com crianças e adultos que precisam de
muitos estímulos para sentir migalhas de prazer. E isso se exacerbou na
quarentena. As pessoas não estão preparadas para lidar com o
ensimesmamento. O que ocorre não é apenas a mudança de um estilo de
vida. A síndrome de intoxicação digital faz com que as pessoas sintam um
vazio existencial se não estiverem conectadas. É uma atitude
autodestrutiva, pois o mundo real pulsa fora dos aparelhos digitais.
Esse problema traz à tona uma questão citada em seus livros, sobre o valor do tempo presente. Mas o confinamento inevitavelmente nos leva a pensar sobre o passado ou o futuro.
Sim,
você tem toda a razão. A mente humana tem essa tendência de ruminar
perdas, mágoas e frustrações do passado e antecipar sofrimentos,
asfixiando-se pelo futuro. Todos nós infectamos o presente, único
momento em que é possível ser relaxado, realizado e totalmente feliz. É
por isso que estamos na era da ansiedade. As pessoas desaprenderam a
viver. Não sabemos ter um caso de amor com a nossa saúde mental. Mas
vivemos agora uma grande oportunidade para pensarmos em como nos
reinventar.
As pessoas estão preparadas para essa reinvenção?
Infelizmente
não, porque a educação mundial está doente, formando pessoas doentes
para uma sociedade doente. Do ensino fundamental às universidades, a
educação cartesiana é excessivamente exteriorizante. Ela ejeta as
pessoas para fora, mas não as ensina a gerir suas emoções.
A educação está mais preocupada em formar consumidores?
Exatamente,
a educação cartesiana nos tornou um número de identidade, de passaporte
e de cartão de crédito e um consumidor em potencial. E é por isso que
os índices de suicídio estão aumentando… Quanto pior a qualidade da
educação, mais importante é o papel da psicologia e da psiquiatria, e
elas nunca foram tão importantes quanto hoje. Na China e em outras
nações orientais, os pais já percebem que os filhos também precisam de
educação socioemocional. A educação racionalista é um risco para a saúde
mental.
Mas como mudar essa realidade?
A
educação precisa sair da “era da informação” e ir para a “era do ‘eu’
como gestor da mente humana”. Deixaremos assim a “era do apontamento de
falhas” para entrar na “era da celebração dos acertos”. Alguns
comportamentos deveriam ocorrer sistematicamente nesta quarentena: pais
deveriam celebrar os acertos dos filhos; casais deveriam elogiar
comportamentos um do outro, como atitudes afetivas, silenciosas e
emotivas. Se nós não aprendermos a aplaudir uns aos outros, nosso córtex
cerebral não abrirá janelas saudáveis para neutralizar traumas.
Essa é a sua maior recomendação para quem está em confinamento social?
O
ser humano tem uma tendência atroz de ser o seu pior inimigo. Ele
desenha os seus cascos mentais e se aprisiona dentro deles. Por isso, é
fundamental gerir a emoção nestes tempos atuais. Infelizmente, durante a
quarentena, as pessoas fazem a higiene física mas esquecem a higiene
mental. Não podemos ser escravos das nossas mazelas. Até o último
suspiro existencial, todo mundo deveria fazer diariamente a técnica do
DCD (duvidar, criticar, determinar).
Como funciona essa prática que você propõe em seus cursos?
Há
algumas técnicas: 1) não ser apontador de falhas, pois quem faz isso
está apto a consertar máquinas, mas não a construir belas histórias de
amor; 2) aprender a aplaudir os acertos, todos os dias, de quem amamos;
3) quando for falar de um erro ou falha alheia, exaltar, antes, um
acerto dessa pessoa; 4) baixar o tom de voz quando alguém elevá-la,
tendo em meta conquistar o coração e não a necessidade neurótica de
ganhar a discussão; 5) aprender a se colocar no lugar dos outros para
enxergar o que as palavras não disseram, pois por trás de uma pessoa que
erra ou fere há uma pessoa ferida; 6) não se tornar uma pessoa
repetitiva, para não virar alguém insuportável; 7) não sofrer por
antecipação, para não realizar velórios antes do tempo.
E agora? As perspectivas para o futuro podem ser piores?
Quando
escrevi ‘Holocausto nunca mais’, fui às lágrimas. Ali, falo das
técnicas que os nazistas usaram e das realidades dramáticas dos campos
de concentração, e também por que outros Hitlers podem aparecer por aí
caso não aprendamos a ter um caso de amor com a espécie humana. Se a
Alemanha de Kant, Hegel e Schopenhauer produziu um homem tão radical e
violento, no futuro, talvez nas próximas décadas, se houver um estresse
derivado de escassez e insegurança alimentar, além de outros fatores
sociais, podemos ver uma radicalização excessiva da sociedade. Mas não
estou falando que isso acontecerá agora. Só acho que, nas próximas
décadas, teremos que tomar muito cuidado.
Alexandrepfilho Via Notícias Gospel
noticias.gospelmais.com.br
Luta por justiça social virou ‘religião’ que promete salvação sem Deus, alerta pastor
A
busca pela justiça social pode facilmente afastar um cristão dos
ensinamentos bíblicos, pois a ideia de entronizar valores filosóficos
e/ou ideológicos na rotina da Igreja transmite a mensagem de que a
mensagem do Evangelho é incompleta. Esse raciocínio foi desenvolvido
pelo teólogo e pastor Voddie Baucham Jr numa entrevista recente.
Voddie
é pastor na Grace Family Baptist Church, em Spring, Texas (EUA) e
também atua como professor de teologia na Universidade Cristã Africana
em Lusaka, Zâmbia.
Em entrevista a um programa de rádio
apresentado por Glenn Beck, falou sobre o assassinato de George Floyd e
as ações do movimento Black Lives Matter, que para ele age de maneira
anticristã sob a bandeira do “combate ao racismo”.
Para o teólogo,
parte dos cristãos tendem a achar que a Igreja deve abraçar essas
pautas, em busca da chamada justiça social, e se terminarem se
distanciando do que a Bíblia ensina e prega.
Para conceituar seu
argumento, citou o termo grego “gnose”, que pode ser traduzido como
“possuir conhecimento secreto”. Dentro desse contexto, Voddie Baucham se
aprofundou sobre o que chamou de “gnosticismo étnico” que é “a ideia de
que os negros (e outras etnias, incluindo também os brancos) têm a
capacidade de possuir um conhecimento secreto de motivos, intenções e
objetivos em situações específicas, como os casos recentes envolvendo
policiais e homens negros”.
Para ele, trata-se de algo que, por
estar presente no movimento, torna-se crítico no que se refere ao
distanciamento da Palavra de Deus: “Temos que entender que nosso
conhecimento vem de Deus, que Deus é a fonte de todo conhecimento. […]
Entendemos que as Escrituras são suficientes. E nós vamos à Bíblia, para
entender a verdade. E olhamos para o mundo do jeito que ele é… Então,
como cristãos, esses são os caminhos que buscamos pela verdade. Não
através de indivíduos especiais, que têm conhecimentos especiais”.
Voddie
frisou que os líderes dos movimentos que, supostamente, pregam a
justiça social, agem como se estivessem à frente de “uma religião”: “Jim
Wallis escreveu um livro, e o título de seu livro era Pecado Original da América [Racismo, Privilégio Branco e a Ponte para uma Nova América].
Então, novamente, há conotações religiosas por lá”, exemplificou,
referindo-se ao escritor, teólogo e ativista político de esquerda.
“O
que me preocupa é que existem problemas reais. O racismo é real. Existe
um verdadeiro mal. Existe um verdadeiro ódio. Existe uma verdadeira
injustiça. E a resposta para essas coisas é um Deus que salva, através
de Jesus Cristo. Essa é a nossa mensagem como cristãos, certo? Ou pelo
menos deveria ser”, disse.
O teólogo continuou seu raciocínio
apontando que muitos cristãos têm se perdido na procura por respostas
fora da Bíblia: “A resposta não é outra senão o perdão que encontramos,
através de Deus, em Cristo. Agora a resposta é: de alguma forma, você
precisa fazer ‘penitências suficientes’. E tem sido interessante
assistir cenas de pessoas brancas, literalmente ajoelhadas,
curvadas em arrependimento, você sabe, pelo pecado deles, por terem o
‘privilégio branco’. Ou, você sabe, preconceito. Ou viés consciente. Ou
preconceito inconsciente. Ou qualquer outra coisa”, ironizou.
Em
sua argumentação, o teólogo insistiu que, exatamente por esses motivos, o
movimento que alegadamente luta por justiça social se comprova
problemático, mesmo que aparentemente, bem-intencionado: “Essa
‘religião’ está prometendo salvação em algum lugar que não é em Deus. E,
infelizmente, há muitos cristãos que parecem satisfeitos com isso”.
Muitos
fatores que são elementos definidores desse movimento político terminam
por serem ignorados pelos cristãos que embarcam em suas aventuras: “A
justiça social busca a redistribuição de recursos e oportunidades.
Justiça social não é o mesmo que a ideia bíblica e o conceito bíblico de
justiça. Você também precisa entender que a justiça social é construída
com base na teoria crítica. Ela se baseia na ideia de hegemonia e
estruturas de poder”.
A essa altura, o apresentador Glenn Beck fez
uma intervenção, descrevendo esse aspecto como “um mundo invertido,
contrário ao que Deus quer”, e destacou que as pessoas parecem “querer
se dar bem” no âmbito pessoal como consequência de ajudar a situação,
quando apesar de toda solidariedade, também estão sendo acusadas de
serem causadoras do sofrimento que combatem. “Isso não faz sentido para
mim”, resumiu ele.
Em resposta, Voddie Baucham agradeceu o adendo:
“Acho que você encontrou algo muito importante quando diz que não faz
sentido para você. O que está acontecendo é que as pessoas estão tendo
duas discussões diferentes. E elas não percebem isto”.
“As pessoas
olham para casos, por exemplo, como a morte de George Floyd e veem essa
situação trágica. E por um lado, há essa compensação universal sobre o
que aconteceu. Mas então o que acontece? As pessoas estão explicando
isso, de duas maneiras diferentes. Algumas pessoas dizem: ‘veja, existe o
racismo’. E há outras pessoas que estão dizendo: ‘espere, você sabe,
havia quatro oficiais. Dois negros, um asiático e o oficial branco que
fez isso, como declaramos que isso é racismo?’”, explicou.
”O que é
um exemplo disso são essas duas visões de mundo concorrentes. Uma visão
de mundo, que diz ‘o racismo é individual; é uma questão individual do
coração’. E é nesse mundo que lidamos com a questão do coração
individual, com a mensagem do Evangelho. Mas há outra visão de mundo que
diz: ‘não, não, não, não, independentemente da questão individual do
coração, esta é uma questão estrutural e institucional’. Portanto, é
isso que confunde as mentes das pessoas. Às vezes, eles dizem que não
importa quais são os fatos do caso. Isso é evidência de racismo
estrutural e institucional. E o que isso está fazendo é separar as
pessoas. Como estamos tendo duas conversas diferentes, isso não faz
sentido um para o outro”, avaliou.
Por fim, o teólogo – que é
negro – relatou ter sido atacado por se posicionar de maneira crítica a
respeito desses movimentos: “Quando você fala sobre isso de uma maneira
geral, as pessoas tendem a pensar ‘oh, você simplesmente não tem
empatia; você simplesmente não tem compaixão; você simplesmente não
entende o quão ruim isso é’. Eu, que cresci em um ambiente infestado de
drogas, de gangues em Los Angeles, nascido em 1969. Cresci durante a era
do crack, durante a guerra às drogas, filho de uma mãe budista. Eu não
fui criado no cristianismo. Nunca ouvi o Evangelho na minha infância e
adolescência, até que cheguei à universidade”, contestou.
“Por
isso não entendo quando as pessoas tentam me excluir desse debate. Eu já
fui abordado de forma truculenta pela polícia, porque simplesmente
estava sentando na calçada, no lugar errado na hora errada. Eu sei que
esse tipo de coisa acontece. E, no entanto, ainda digo, que essas
ideologias são venenosas”, enfatizou Voddie.
Ele acredita que os
cristãos devem abrir mão de mensagens que apontam para uma salvação que
não seja o Evangelho de Jesus, e que estas bandeiras “precisam ser
confrontadas” porque “essas ideologias realmente comprometem nossa
mensagem, como cristãos”.
“Estou preocupado com as pessoas. Estou
preocupado com a justiça. Estou preocupado com almas. E eu sei de onde
essas coisas vêm. Eu entendo de onde elas vêm. E não estou disposto a
escrever a minha própria Bíblia. Mas não aceito o fato de alguém me
forçar a concordar com certas coisas, simplesmente porque, se eu não o
fizer, irão me rotular. Eu não poderia me importar menos com as pessoas
me rotulando e me chamando de nomes. Eu sei quem eu sou diante de Deus.
Minha consciência está limpa”, encerrou, conforme informações do portal FaithWire.
Alexandrepfilho Via Notícias Gospel
Nenhum comentário:
Postar um comentário