Mais do que apenas impacto ou
admiração, a vida de um verdadeiro cristão causa efeito transformador na
vida das pessoas ao redor.
“Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque
precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo
conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados, graças à
entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol
nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra
da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz. O menino crescia e
se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia
de manifestar-se a Israel” (Lucas 1:76-80).
(…) E foi nesse estudo detido, detalhado, minucioso, que eu me deparei com o décimo capítulo do Desejado de Todas as Nações, intitulado A Voz do Deserto. Fiquei
impressionado com a personalidade e o caráter de João Batista. Por
isso, quero partilhar com você algumas das características que encontrei
na pessoa dele.
ELE ERA SANTO
João Batista foi chamado para ser o mensageiro de Deus. Ele deveria
“imprimir” nas pessoas uma “nova direção aos pensamentos”. Ele “devia
impressioná-las com a santidade dos reclamos divinos”. Ora, se ele fora
chamado para exercer uma obra de santidade, então ele próprio deveria
ser santo. João Batista era um santo homem de Deus.
Como filhos de Deus, temos que ser santos. Sabe por quê? “Porque
precisamos ser um templo para a presença de Deus”. Ser santo significa
ser consagrado a Deus, dedicado a Deus, viver com uma conduta coerente
com Deus, que nos convida a sermos santos. Nesse sentido, ser santo não é
uma consecução, mas um estado: quando Deus me chama para uma obra, Ele
me santifica; me escolhe; me separa; me dedica a Ele.
Você é santo(a)?ELE ERA DISCIPLINADO
“Ao tempo de João Batista, a cobiça das riquezas e o amor do luxo e
da ostentação se haviam alastrado. Os prazeres sensuais, banquetes e
bebidas, estavam causando moléstias e degeneração física, amortecendo as
percepções espirituais, e insensibilizando ao pecado”. As pessoas
viviam como queriam, e quem quisesse ser diferente, quem quisesse viver a
vontade de Deus, precisava dominar “os apetites e as paixões”. Para
poder viver a expectativa de Deus, João Batista aprendeu a “dominar suas
faculdades”. Dessa forma, ele foi capaz de se manter inabalável na
sociedade, tão inabalável “como as rochas e montanhas do deserto”.
João Batista era disciplinado. Ele tinha um caráter firme, decidido, focado. Nada era capaz de distraí-lo da missão que tinha.
Como filhos e filhas de Deus, precisamos ser disciplinados: firmes,
decididos, focados, inabaláveis como as rochas. Indisciplinado é alguém
desorganizado, bagunçado, que não tem hora pra nada. Disciplinado é
alguém organizado, metódico, sistemático.
Você é disciplinado(a)?ELE ERA REFORMADOR
Diante da bagunça, da licenciosidade e da permissividade de seus
dias, “João Batista devia assumir a posição de reformador. Por sua vida
abstinente e simplicidade de vestuário, devia constituir uma repreensão
para sua época”.
Note que diante de uma sociedade desregrada, João Batista não fez
campanha, projeto ou movimento; não fez cartaz, propaganda ou marketing.
Ele era a campanha; ele era o projeto; ele era o movimento; sua vida
era seu discurso. Antes mesmo de pregar o que as pessoas deveriam
abandonar, ele já demonstrava em sua vida a mudança que deveria ocorrer.
Antes mesmo de pregar como as pessoas deveriam viver, ele já
demonstrava em sua vida o modo correto de vida.
Ser reformador significa mostrar na vida as mudanças que queremos que
ocorram na igreja e na sociedade; ser reformador significa repreender
os maus comportamentos com o poderoso sermão de uma vida pautada pela
vontade de Deus.
Você é um(a) reformador(a)?ELE ERA ESTUDIOSO
João Batista tinha um discurso poderoso, tanto na forma quanto no conteúdo. Sim, sua pregação tinha conteúdo sólido. E onde ele estudou? O que ele estudou?
(1) João Batista não estudou nas escolas de teologia da época porque estas não o ajudariam a se preparar para cumprir a missão que ele tinha; os professores de teologia dessas escolas não eram confiáveis;
(2) ele foi ao deserto, local literal e simbólico, que lembra isolamento e concentração;
(3) os temas que estudou foram: a natureza e o Deus da natureza.
Além disso, uma autora americana ressalta que “João encontrou no deserto sua escola e santuário”. O que ele fazia no deserto? No deserto, “sozinho, no silêncio da noite, [João Batista] lia a promessa feita por Deus a Abraão, de uma semente tão inumerável como as estrelas. A luz da aurora, dourando as montanhas de Moabe, falava-lhe dAquele que havia de ser “como a luz da manhã quando sai o Sol, da manhã sem nuvens”.
João Batista tinha um deserto literal, e nele tinha uma experiência de intenso aprendizado. No deserto, João Batista bebia da fonte do conhecimento.
Você e eu precisamos ter nosso “deserto”, que seja nossa escola e nosso santuário; nossa escola para fortalecer nosso intelecto, e nosso santuário para fortalecer nossa fé. Você tem seu “deserto” de aprendizado? Pode ser seu escritório em casa, no trabalho ou algum outro lugar. Você precisa ter um local onde diariamente possa ler, estudar, aprofundar e escavar a verdade.
Você é estudioso(a)?
ELE ERA SOCIÁVEL
Pelo que comentamos até aqui, pode parecer que João Batista era um alienado, um ermitão. Nada disso. Ellen White escreve que “A vida de João [Batista] não era […] passada em ociosidade, em ascética tristeza, em isolamento egoísta. [Ele] ia de tempos a tempos misturar-se com os homens; e era sempre observador interessado do que se passava no mundo. De seu quieto retiro, vigiava o desdobrar dos acontecimentos. Com a iluminada visão facultada pelo Espírito divino, estudava o caráter dos homens, a fim de saber como lhes chegar ao coração com a mensagem do Céu”.
João Batista tinha uma personalidade interessantíssima, que misturava estilo introvertido e extrovertido. Em sua introversão, passava longo tempo no deserto; em sua extroversão, se misturava com as pessoas.
A vida de João Batista, entre o deserto e as multidões, é um tremendo puxão de orelhas nas pessoas que pensam que a vida cristã se resume a morar nas montanhas, e de lá ficar criticando meio mundo. Preste atenção nessa frase: “Os que buscam esconder sua religião […] ocultando-a dentro de muros de pedra, perdem valiosas oportunidades de fazer o bem. Por meio das relações sociais, o cristianismo se põe em contato com o mundo”.
A vida de João Batista, entre o deserto e as multidões, é uma tremenda inspiração.
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