Grandes cinturões orogênicos, processos que deram origem a cadeias de montanhas, desenvolveram-se também ao longo do período Pré-Cambriano. Dessa forma, três grandes cadeias montanhosas surgiram. A primeira delas, o cinturão orogênico do Atlântico, estende-se desde o leste da Região Nordeste até o litoral do Rio Grande do Sul. Nesta área existe uma grande complexidade de formações estruturais e litológicas, prevalecendo rochas metamórficas como gnaisses, migmatitos, quartzitose micaxistos. Neste cinturão atualmente encontram-se importantes cadeias montanhosas, incluindo a Serra da Mantiqueira e a Serra do Espinhaço, moldadas pelo intemperismo, além de falhas geológicas.[27] O cinturão orogênico de Brasília, por sua vez, estende-se desde o sul do Tocantins até o sudeste de Minas Gerais. Nesta região surgiram serras estreitas e alongadas, por vezes com a ocorrência de chapadas. Dentre as principais, destacam-se a Serra da Canastra e a Chapada dos Veadeiros.[28] Por fim, o cinturão orogênico Paraguai-Araguaia estende-se desde o norte de Goiás até o sul do Mato Grosso e ressurge no sul do Pantanal, na serra da Bodoquena. É constituído por uma cadeia de serras oriundas de dobramentos antigos que ainda estão parcialmente preservados.[28]
O processo de erosão nos escudos cristalinos antigos criou grandes bacias sedimentares, sendo que no território brasileiro são três principais: a Bacia Amazônica, a do Parnaíba ou Maranhão, e a do Paraná. Os sedimentos foram sendo depositados ao longo do período fanerozoico, nos últimos 600 milhões de anos, dando origem a diferentes tipos de rochas sedimentares, como arenitos, siltitos e argilitos. Em especial na bacia do Paraná, derramamentos de lava ocorridos entre o período Jurássico e Cretáceo fizeram com que camadas de rochas magmáticas se depositassem sobre a camada de rochas sedimentares. Processos de epirogênese foram os responsáveis pelo soerguimento das bacias, e também pelo surgimento das escarpas em escudos cristalinos que, por sua vez, deram origem às escarpas das serras da Mantiqueira e do Mar. Por isso, no relevo atual podem ser encontrados terrenos sedimentares com cotas superiores à de escudos cristalinos. Dessa forma, as bacias sedimentares passaram por um intenso processo de erosão em suas bordas, originando depressões periféricas. No período Mesozoico, as bacias receberam a maior parte dos sedimentos que as compõem. Já no período Cenozoico, depósitos importantes ocorreram na parte ocidental da Bacia Amazônica e no litoral da Região Nordeste (período terciário) e, mais recentemente, na planície do Pantanal, na Ilha do Bananal e ao longo do curso do rio Amazonas e seus principais afluentes.[29]
Ver artigo principal: Mineração no Brasil
O Brasil detém uma parcela considerável dos recursos minerais do mundo, razão pela qual é um dos principais exportadores de minérios. Mais de uma centena de substâncias minerais são extraídas do solo brasileiro, das quais destaca-se a produção de ferro (sobretudo no Quadrilátero Ferrífero) e nióbio, elementos dos quais o país é o maior exportador mundial. É importante ainda a extração de caulim, tantalita, bauxita, grafita, amianto, cassiterita, magnesita, vermiculita, rochas ornamentais, talco, rocha fosfática e ouro.[30]
As reservas brasileiras de petróleo e gás natural concentram-se principalmente em regiões oceânicas ao longo do litoral, além de quantidades menores na Amazônia. Reservas importantes foram descobertas recentemente na camada pré-sal.[31] Reservas importantes de carvão mineral encontram-se concentradas na Região Sul, destinadas sobretudo a alimentar as usinas termelétricas do país.[32] A produção de urânio está concentrada em uma única jazida em Caetité, na Bahia, onde é encontrada a uraninita, destinada às usinas nucleares do país.[33]
Relevo[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Relevo do Brasil
O território brasileiro apresenta relevo relativamente pouco acidentado, sem grandes e elevadas cadeias montanhosas. Isto se deve ao fato de que as estruturas geológicas do país, em sua maioria, são antigas. Por esta razão, as rochas dos escudos cristalinos, originados no pré-cambriano, passaram por um longo processo de intemperismo e erosão, criando formas de relevo mais suaves, assim como grandes bacias sedimentares, que datam, em sua maioria, dos períodos Cenozoico e Mesozoico.[34]
O ponto culminante do Brasil, o Pico da Neblina, encontra-se na Serra do Imeri, no norte do Amazonas, com altitude de 2 993,8 metros acima do nível do mar, conforme obtido pelo Projeto Pontos Culminantes do Brasil. Em segunda posição está o Pico 31 de Março, na mesma cadeia montanhosa, com 2 972,7 metros. O Pico da Bandeira, na Serra do Caparaó, ocupa o terceiro lugar, com 2892 metros, e a Pedra da Mina, na Serra da Mantiqueira, a quarta posição, com 2 798,4 metros.[35] Contudo, a maior parte do território brasileiro possui cota inferior aos 1 000 metros.[25]
As unidades do relevo brasileiro são normalmente divididas entre planícies, planaltos e depressões, de acordo com a classificação de Jurandyr Ross, elaborada, sobretudo, com base na classificação de Aziz Ab'Saber e nos dados do Projeto Radambrasil.[36]
Planaltos[editar | editar código-fonte]
Os planaltos são caracterizados por serem circundados por grandes depressões, o que torna evidente a maior resistência de suas rochas a processos erosivos em relação às áreas adjacentes. Planaltos localizados em bacias sedimentares são comumente caracterizados pela presença de cuestas em seus limites. Dentre estas unidades estão os planaltos da Bacia Amazônica oriental e ocidental, além dos planaltos e chapadas da bacia do Rio Parnaíba e da Bacia do Paraná.[37]
Planaltos em estruturas cristalinas são caracterizados pela presença de serras e morros associados a intrusões vulcânicas e dobramentos antigos. Dentre estas unidades, estão os planaltos residuais norte amazônicos, sul amazônicos e a Chapada dos Parecis. O Planalto da Borborema e o Planalto Sul-rio-grandense foram formados a partir do soerguimentode dobramentos antigos. Grandes planaltos em cinturões orogênicos estão localizados sobretudo no centro e no sudeste do país, caracterizados por grandes cadeias de serras, remanescentes das estruturas de dobramentos antigos atacadas pelo intenso processo erosivo. Dentre as cadeias montanhosas situadas neste planalto estão a Serra da Mantiqueira e a Serra do Espinhaço. Este conjunto constitui o Planalto Brasileiro, que ocupa uma grande extensão no interior do país.[38]
Depressões[editar | editar código-fonte]
Estas unidades de relevo são marcadas pelo intenso processo erosivo em escudos cristalinos, interpondo-se entre os planaltos e as planícies. Embora os planaltos também exibam marcas do intemperismo, as depressões foram ainda mais afetadas pelas variações paleoclimáticas, sobretudo ao longo dos períodos Terciário e Quaternário.[39]
Contudo, a depressão da Amazônia ocidental distingue-se das demais por ter uma gênese diferenciada, a partir de processos fluviais que acabaram por dar origem a um terreno aplainado e com pequenas e baixas colinas suaves.[39] As demais depressões, que normalmente são cercadas por escudos cristalinos, encontram-se em grandes bacias. Dentre elas, podem ser destacadas as depressões norte e sul amazônica, do Alto Paraguai e do Guaporé, do Araguaia e do São Francisco, também conhecida como Pernambucana.
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