Conheça detalhes curiosos de como surgiu o bairro do Alecrim
Você aí já deve saber que o bairro do Alecrim é um dos mais antigos de Natal, né?
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Em 1942 o historiador e maior folclorista do Brasil Luiz da Câmara Cascudo explicou com detalhes interessantes e inéditos como ele surgiu.
Segundo ele o Alecrim “começou” em abril de 1856, quando o Cemitério do bairro foi inaugurado.
Por essa época, Antônio Bernardo de Passos, presidente das províncias do Rio Grande do Norte entre 1853 e 1857, informava ter adquirido um carro fúnebre em razão da “grande distância entre o Cemitério e esta Cidade”. “O Alecrim ficava no fim do Mundo…” diz Cascudo.
Ah, e essa distância até o bairro era famosa na época:
Segundo Cascudo em outubro de 1871, o Presidente Delfino informava que a única desvantagem da Fonte Pública (Bica), no Baldo, “era ficar no último ponto do bairro alto da Cidade”.
Em dezembro de 1878, o vice presidente da província do RGN, Manuel Januário Bezerra Montenegro, que seria o presidente entre 1878 e 1879, fazia referência ao Cemitério como “situado à grande distância da Cidade”. “Raríssimas pessoas residiam naquele descampado.”, disse.
A região do Alecrim era terra de “roçados” de mandioca e milho, e zona de caça. Havia apenas quatro casinhas, de taipa, cobertas de palha, sem reboco, denominadas ‘capuabas’, bem distantes umas das outras.
Já em 7 de setembro de 1882 o Presidente à época, Francisco de Gouveia Cunha Barreto, pôs a primeira “pedra” para o “Lazareto da Piedade” (Asilo dos Alienados), o Alecrim era uma “capoeira”, dividida por “tufos verdes de vegetação”. Dizia-se que por ali passava a estrada velha de Guararapes e nada mais. Palavras do folclorista.
Outro detalhe muito íntimo e peculiar da época: nos primeiros anos da República, um homem chamado Manoel Lourenço possuiu o sítio chamado de “Mangueira”, onde hoje é a Praça Gentil Ferreira. Inclusive este virou o local mais longínquo do bairro. Depois um homem chamado Fausto Leiros plantou lá um roçado.
E algumas pequenas casas erguiam suas humildes cumieiras na Avenida José Bernardo e na Praça Pedro II.
Agora vem o surgimento do nome do bairro: em uma dessas casinhas morava uma senhora que costumava enfeitar com raminhos de alecrim os caixões de “anjinhos” quando esses passavam a caminho do Cemitério, carregados pelos meninos das escolas públicas. Era “A velha do Alecrim”, que deu origem ao apelido que se estendeu ao bairro todo.
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Na primeira década de existência os únicos moradores do bairro se chamavam João Vicente Ferreira e Flora Lourival, que moravam em casas bem distantes.
Seguindo em frente nas origens, havia o “Alto da Bandeira”, tendo essa denominação porque o industrialista Amaro Barreto, “abrindo” a estrada de Macaíba para Natal, ali fincou uma alta e grande bandeira para orientar os trabalhadores. Ficou então o topônimo: “Alto da Bandeira” numa colina localizada no cruzamento da Rua Fonseca e Silva com a Avenida Presidente Quaresma.
Aí se levantava, assombrando os tardios transeuntes, a “Cruz do Amaro”, recordando o assassinato de Amaro Xavier do Nascimento, em 1894.
Na região onde hoje é a Av. Coronel Estevam (Alecrim), e onde se construiu a capela de São Sebastião, por ser tão distante à época, foi batizada de “Baixa da Égua”, termo hoje é utilizado para referência à lugares distantes. Lá, Cascudo diz que outro ponto de concentração demográfica. Depois o Vigário João Maria o rebatizou para “Baixa da Beleza” e aí foi construída a igreja.
Mas em 1905 veio uma epidemia de varíola, e o Alecrim estava densamente povoado. O Padre João Maria, que hoje batiza a principal praça do bairro da cidade alta, fez muitas caridades pela região.
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Ao redor da Praça Pedro II, as casinhas se aprumavam. Mesmo assim, de Natal até o Baldo (Praça Carlos Gomes), havia “caminho limpo”. Para cima era uma trilha levando ao meio do mato.
E, pra fechar, olha que detalhe, em 1910 caçavam-se veados e cotias na Avenida Alexandrino de Alencar.
Fonte: Instituto Ludovicus com informações de ‘A República’ edição de Sábado, 10 de outubro de 1942.
Alexandrepfilho Via FATOS E FATOS DE NATAL ANTIGA
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