FORMAÇÃO
Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu ou Protomártires do Brasil é o título dado pela Igreja Católica aos 30 católicos martirizados no interior da capitania do Rio Grande, cujo território daria origem à província do Rio Grande do Norte e posteriormente ao estado do Rio Grande do Norte.
Hoje a Santa Igreja nos anima a fazer memória de alguns fiéis servos de Deus, são eles os Mártires de Cunhaú e Uruaçu. Os cenários que a providência de Deus escolheu para o testemunho dessas Suas fiéis almas esposas foram as cidades de São Gonçalo do Amarante e Canguaretama, no interior do Rio Grande do Norte. Essa foi justamente uma das regiões invadidas por holandeses no ano de 1645. Foi uma ação tão violenta, que mais de oitenta fiéis católicos foram assassinados.
Esses santos mártires foram profetas da comunhão eclesial, pois preferiram morrer do que romper sua comunhão filial com o legítimo líder da Igreja, o Santo Padre. A primeira e sangrenta investida se deu numa capela dedicada a Nossa Senhora das Candeias, no Engenho de Cunhaú, em Canguaretama.
A segunda foi em Uruaçu, localidade pertencente ao município de São Gonçalo do Amarante. O clima começou a esquentar ainda mais quando os holandeses invadiram a região nordeste do Brasil. Queriam cobrar as dívidas que os portugueses tinham com eles e viram na região uma ótima oportunidade de pagamento.
Cunhaú, fábrica de novos cristãos
Esse massacre de Cunhaú é considerado um dos mais trágicos e terríveis da história do Brasil. No ano de 1645, o estado do Rio Grande, uma região católica, vivia sob domínio dos holandeses, que eram protestantes calvinistas. No dia 15 de julho, Jacob Rabbi, um alemão servo do governo holandês, chegou à localidade do engenho.
Ele, porém, não era estranho aos moradores da região, pois havia passado por lá anteriormente, sempre escoltado por tropas indígenas de origem Tapuia. Como de costume, no dia seguinte, os fiéis reuniram-se para celebrar a eucaristia na Igreja de Nossa Senhora das Candeias.
O pároco, padre André de Soveral, deu início a celebração, no entanto, após elevar o Pão e o Vinho consagrados, o Corpo e Sangue de Cristo, as portas da capela foram fechadas pelos assassinos, e deu-se início a terríveis episódios de violência.
Massacre de Uruaçu
Já o massacre de Uruaçu ocorreu no dia 3 de outubro de 1645, apenas três meses depois do anterior e sangrento episódio de Cunhaú, todos a mando de Jacob Rabbi. Dizem os biógrafos que, logo após essas terríveis cenas de ódio e dor, o medo se espalhou por aquela capitania. A população vivia aterrorizada de que novos ataques ocorressem. Por alguma razão, segundo os relatos, essa nova ação violenta teve um requinte ainda maior de crueldade do que a primeira.
As igrejas foram fechadas e os fiéis foram violentamente assassinados. Alguns tiveram suas línguas arrancadas para que não fossem proferidas orações, enquanto eram lentamente assassinados. Além disso, tiveram braços e pernas decepados. Crianças foram partidas ao meio e degoladas. Padre Ambrósio, que presidiu a santa missa, recebeu torturas ainda mais cruéis. O fiel camponês Mateus Moreira teve o coração arrancado.
Enquanto o peito era aberto e o sangue jorrava, exclamava: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.”
Reconhecimento público da Igreja
O testemunho fiel dessas gigantes almas esposas de Deus teve o reconhecimento público da Igreja. Os Mártires de Cunhaú e Uruaçu, como ficaram conhecidos, tiveram o processo de beatificação concedido pela Santa Sé em 16 de junho de 1989.
Menos de 10 anos depois, em 21 de dezembro de 1998, o Papa João Paulo II assinou o decreto reconhecendo-os como mártires brasileiros. Ao todo, foram assassinados dois padres e setenta e oito leigos. A beatificação aconteceu no dia 15 de março do ano 2000, no Vaticano, na Praça de São Pedro, a canonização ocorreu em uma cerimônia no Vaticano, em 15 de outubro de 2017.
No Local do Massacre foi erguido um monumento em honra e memória desses santos. Em outubro, mês dedicado a eles, o local onde foram mortos recebe centenas de fiéis. Que Deus nos abençoe, para que a exemplo dessas fiéis testemunhas, possamos abraçar até as últimas consequências nosso compromisso com Jesus e Sua Paz real.
Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, fiéis almas esposas de Deus, rogai por nós.
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