GRANDE POETA PEDRO GRILO COM SEU FAMOSO CHAPÉU SOMBREIRO MEXICANO
Ficávamos
assustados com o poeta Pedro Grilo que usava um enorme chapéu tipo
“sombreiro” mexicano. Mas o nosso maior temor enquanto crianças, além da
Viúva Machado e do bandido Baracho, era Maria Mula Manca, figura
pornográfica popular que vivia na Cidade Alta. Certa ocasião, após o
colega Bado chamá-la pelo apelido, ela partiu irada pra cima da gente
com seu cajado gritando palavrões ebalançando sua enorme pança. Mula
Manca era o escândalo ambulante
de Natal no início dos anos 1960.
Tubiba
era uma figura humilde muito conhecida na Cidade Alta que tinha o
hábito de escrever com pedaços de carvão poesias com letras bonitas no
chão das calçadas. No tempo que eu estudava caligrafia vertical e
horizontal, minha professora sempre citava Tubiba como um exemplo. Os
carros modernos da época eram: o DKV, o Sinca e o Aero Willys.
Tinha
ainda, a figura do alcoólatra Limonada ou garapa, que quando assim
chamado, abria seu dicionário de palavrões no meio da Rua. Certa vez,
ouviu alguém gritar “limão”, depois “água” e outro completou “açúcar”.
Cambaleante, Limonada respondeu: – Home, se misturar eu dano-lhe uma cacetada!
Outras ilustras personalidades
Lambretinha
– Dócil, risonho e desequilibrado mental, na sua loucura fantasiava ser
um motorista de automóvel. Mãos para frente segurando uma sucata de
volante percorria a cidade de uma ponta a outra, do Alecrim até as
Rocas. Da garganta saia um ronronar de motor e dos lábios uma imitação
de buzina. Era um “Brumm! Brumm!! Bip! Bip!” gozado e triste. Dele não
se sabe nome nem paradeiro.
Joca
Madureira – Derrubador de boi em vaguejada e bom de briga, impunha
respeito pelo porte atlético. Contam-se dele histórias de enfrentamentos
solitários e destemidos com patrulhas policiais nas noitadas mundanas
de Natal. Um simulacro tupiniquim do carioca “Madame Satã”.
Marimbondo
– Corneteiro da Polícia Militar, dono de um toque claro e afinado que
lhe valeu o apelido de “Bico de Aço”. Foi presença de destaque tocando
seu instrumento nas folias de Momo em Natal durante anos, quando era
disputadíssimo por blocos e orquestras carnavalescos.
Cícero
Enfermeiro – Vestimenta branca, cigarro na ponta da piteira, aplicava
injeções numa clientela variada e cativa, no tempo em que enfermeiro era
uma raridade em Natal. Todo adolescente portador de doença venérea
sabia o endereço certo para encontrar a cura: o consultório de Ciço na
Princesa Isabel.
Manoel
– Se hoje é difícil encontrar um anão pela cidade, imagine isso no
século passado. O nosso anão fazia ponto na entrada do Cine Rio Grande,
na Cidade Alta, vendendo os bombons do patrão João (Confeitaria Mirim),
num tabuleiro portátil. Olhar perspicaz e sempre sorridente cativava os
clientes pela delicadeza e simpatia.
Restinho
– Tratava-se de um frequentador das festas do Aeroclube. Não parava
sentado porque convidava todas as moças desacompanhadas para dançar.
Aproximava-se da vítima de mansinho e tascava: “Vamos dançar este
restinho?”. O “restinho” aludido era o final da música em andamento
naquele momento. Não o incomodava o número de “foras”, pois sempre uma
alma piedosa lhe faria par.
Fontes:
Dos
bondes ao Hippie Drive-in [recurso eletrônico]: fragmentos do cotidiano
da cidade do Natal/ Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro. – Natal,
RN: EDUFRN, 2017.
PERFIS DE NATAL –
Alexandrepfilho Via José Narcelio Marques Sousa via Blog Ponto de Vista
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