HISTÓRIA DO PAPADO
Existe grande controvérsia entre os historiadores sobre a história do papado durante o cristianismo primitivo, destacando-se a questão da veracidade do martírio de Pedro e Paulo em Roma; sobre a organização da Igreja Romana no século I e princípio do século II, e o exercício da primazia papal.
Alguns historiadores argumentam que Pedro nunca foi realmente a Roma, e que essa crença se originou somente mais tarde.[9][10] No entanto, outros estudiosos citando os documentos cristãos primitivos (mais proeminentemente, a descrição da morte Pedro e Paulo em Roma nas cartas de Clemente em c. 96,[11][12] Santo Inácio de Antioquia em c. 107,[13] Dionísio de Corinto entre 166 e 176,[12] e Irineu de Lyon, em torno de 180 d.C.[14]) concluem que Pedro foi de fato martirizado em Roma.[15][16][17]
Uma vez que no século I os termos “presbíteros e bispos” eram sinônimos usados para os líderes da igreja local[18][19] submetidos a um apóstolo;[20] muitos argumentam que no final do século I e até a metade do século II, a Igreja Romana não possuía uma organização monoepiscopal (um só Bispo como chefe da igreja local), mas uma forma colegiada de liderança,[9][18][21] sendo que o monoepiscopado começou somente mais tarde, e assim, originalmente o ministério papal não existia. No entanto, outros estudiosos discordam, defendendo que os apóstolos designaram seus sucessores na liderança das igrejas locais (originalmente também chamados de "apóstolos" e no início do século II, de “bispos”),[20] como por exemplo, Tito e Timóteo investidos por Paulo de Tarso, e nos escritos posteriores de Clemente de Roma,[22]Inácio,[23][24] e Irineu,[25] que prematuramente atestaram a sucessão linear de Bispos desde a época dos apóstolos.[20]
Alguns historiadores afirmam que os papas não possuíam direitos ou privilégios primaciais no cristianismo primitivo sobre a Igreja Universal,[26]no entanto, uma vez que em muitas ocasiões os Bispos de Roma intervieram em comunidades locais, como Clemente I,[27] ou tentaram estabelecer uma doutrina vinculativa a Igreja Universal como Vítor I (sobre a controvérsia quartodecimana),[28] a visão predominante entre os historiadores, é que a Sé e o Bispo de Roma possuíam nesse período uma proeminência em questões relacionadas aos assuntos da Igreja Católica,[4][16][27][29][30][31][32] mas esse papel se desenvolveu e se acentuou profundamente nos séculos seguintes, especialmente a partir do século V e após o XI.[21]
Cristianismo primitivo (c. 30-325)[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Papado (Cristianismo primitivo)
O primeiro documento fornecido por um papa, é de Clemente I no final do século I, em que interveio em uma disputa em Corinto, na Grécia,[33]Clemente foi o primeiro Pai Apostólico da Igreja,[34] fundando o período eclesiástico patrístico, que duraria até o século VIII. No século II os bispos romanos erigiram monumentos aos apóstolos Pedro e Paulo, davam esmolas às igrejas pobres[27] e lutaram contra gnósticos e montanistas na Ásia Menor.[27] No final do mesmo século, o Papa Vítor I ameaça de excomunhão os bispos orientais que continuarem praticando a Páscoa em 14 de Nisã (quartodecimanismo).[28] Nessa época Santo Inácio,[35][36] e algum tempo depois Santo Ireneu,[37] enfatizam a posição única do bispo de Roma.
No século III os papas preocuparam-se em afirmar a possibilidade do perdão dos pecados, se os fiéis se arrependessem e fizessem penitência (ao contrário do que pregava o novacionismo), como pode ser observado nos decretos de Calixto I e Cornélio I. No final desse século, papas como Estêvão I[38] e Sisto II[39] condenaram o rebatismo, como pregava a heresia do donatismo.[carece de fontes]
Muitos aspectos da vida dos papas primitivos, especialmente os primeiros, permanece envolta em mistério, como São Lino, que teria sido o segundo papa, cuja vida e ações como Bispo de Roma é incerta e desconhecida.[40] Devido a perseguição aos cristãos pelo Império Romano, os livros da vida dos santos de Roma afirmam que foram mártires todos os Papas dessa época,[41] sendo a maioria dos pontificados curto (embora exista incerteza sobre a morte de muitos Bispos de Roma, cujos relatos de martírio surgiram apenas muito tempo depois de sua morte, como por exemplo, São Clemente I, que viveu no final do século I, mas a história de seu martírio remonta apenas ao século IV).[42]
Alexandria e Antioquia também eram centros importantes para o cristianismo e seus bispos possuíam jurisdição sobre certos territórios. Muitos historiadores tem sugerido que seus poderes especiais provieram do fato de que as três comunidades foram chefiadas por São Pedro (Roma e Antioquia foram, segundo a Sagrada Escritura e Tradição fundadas por Pedro e Alexandria por seu discípulo São Marcos).[43][44]
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